Hoje é o dia do meio ambiente, e me pergunto se é para comemorar? por Nuria Vilodres

Hoje é o dia do meio ambiente, e me pergunto se é para comemorar?

Assinar petições contra o desmatamento da Amazonia, ou se preocupar com as dificuldades dos seus vizinhos?

Comprar produtos ecologicamente corretos ou buscar saber sobre as decisões políticas da sua cidade?

Plantar uma árvore ou olhar e dar atenção a um ser humano que te pede ajuda?

Como você contribui para o meio ambiente?

Por Nuria Vilodres

Sempre tive a visão que quando se trata de meio ambiente temos que olhar para a natureza, preservar o que nos resta e proteger das ações humanas, que somos nós os grandes vilões, responsáveis pela destruição do planeta, mas não que fazemos parte dessa natureza, que tudo está conectado e que eu sinto a dor do outro, que o sofrimento da maioria me faz sofrer também, somos todos seres vivos.

Quando me formei em 2010, em Gestão Ambiental, o meu curso era voltado principalmente para as empresas, para profissionais, auditores em busca de certificações e selos verdes que agregassem o valor ambiental as marcas. Realmente de lá pra cá o posicionamento das empresas mudou bastante em relação a isso, mas na maioria das vezes o marketing continua sendo muito maior que o significado real daquela ação voltada ao meio ambiente.

Observei que as pessoas, que a parte social da sustentabilidade sempre foi deixada de escanteio, algo que ninguém repara, muitos nem se incomodam com essa desigualdade social, em ter vizinhos que moram do outro lado do muro e vivem em condições desumanas, sem esgoto, sem água, com fome e sem perspectiva. Cheguei a ouvir algumas vezes que os pobres “prejudicam” o meio ambiente, são os maiores responsáveis pela degradação do meio que estão inseridos, poluindo com esgotos a céu aberto, jogando lixos nos córregos, construindo suas casas em beira de encostas, causando grandes erosões, e não se ouve que em muitas vezes estão em risco, vivendo em situação de vulnerabilidade, sem contar com direitos fundamentais para que possam existir com dignidade como qualquer cidadão. Não temos a percepção que o ser humano deve ser o foco das ações, que essa desigualdade absurda tem que diminuir. Muitos ainda passam fome, devemos agir com amor, notar as diferenças, e não se acomodar em nossos sofás confortáveis e aceitar essa condição.

Todos sentimos grandes impactos econômicos por conta da pandemia, mas as famílias que se encontram em estado de vulnerabilidade ainda mais, tanto tempo na invisibilidade hoje estão sendo acolhidas por um movimento emergencial, por um lado, de certa forma, tem se beneficiado com essas grandes ações que hoje estão voltadas a matar a fome. Essa ideia ganhou força, artistas se unindo, empresas bem sucedidas apoiando, mais pessoas estão ajudando pessoas. E assim devemos seguir, agindo em nosso meio, olhando e vendo as pessoas que estão a nossa volta, prestando atenção nas decisões políticas, participando do desenvolvimento da nossa comunidade, exercendo nossa humanidade. Hoje é o dia do meio ambiente, e me pergunto se é para comemorar?

Visto que estamos passando por um período atípico, com tantas mortes inesperadas, vendo tantas pessoas passando por necessidades básicas, a natureza sendo dizimada, acho melhor usar esse dia para refletir, principalmente sobre o seu papel na sociedade e a sua utilidade como ser humano. Pense que quando se for a lembrança de quem você foi vai ficar eternizada na memória daqueles que te conheceram, como você espera ser lembrado?

Pense e haja, seja um ativista de boas práticas, apoie todas as lutas de igualdade, você pode lutar pelo meio ambiente sendo uma pessoa melhor do que já é, melhor com o mundo, melhor com o outro!

Fotografia de Marcos Costas e RF – acervo pessoal

Sobre o Ponto de Cultura

O Ponto de Cultura Sufruto tem por objetivos: O desenvolvimento social e econômico da comunidade através de implantação de projetos culturais, sociais, ambientais e de capacitação profissional; as fontes de recursos podem ser de receitas próprias ou através de doações, parcerias, convênios com o poder público e privado ou outras organizações de âmbito municipal, estadual ou federal.

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